15/03/2021
O IMPACTO DO CORONAVÍRUS A COVID - 19 NA ATIVIDADE CONTÁBIL
Por: Nelson Zafra
Olá pessoal, sou Nelson Zafra , sou profissional da contabilidade, sou contador e gostaria de fazer algumas considerações sobre o impacto do "Coronavírus - Covid-19", na atividade contábil.
Primeiramente estamos numa fase que é a da infecção, objetivo de salvar as pessoas, evitar a proliferação do vírus, todos temos que cuidar da saúde, para sobreviver ao vírus, pois muitas pessoas já morreram e irão morrer pelo mundo afora, tendo os governos que pedir para as pessoas se recolherem em suas casas, as empresas fecharem, ou seja, tudo parou, isto está trazendo um grande transtorno na vida das pessoas e das empresas sem sombra de duvida, não sabemos quanto tempo isto irá durar, mas quanto mais durar, maior será o impacto.
A segunda fase, é o impacto econômico, financeiro, após o controle do vírus, a sobrevivência das empresas, das pessoas, a recuperação será lenta e um tanto duradoura e tem um efeito dominó, como as empresas estiveram fechadas, estas não faturaram, portanto não tiveram receita, se descapitalizaram, acumularam obrigações, terão dificuldade de pagar suas contas, salários de seus colaboradores, fornecedores, impostos, empréstimos e enfim, qualquer obrigação já assumida, consequentemente quem tinha para receber destas empresas, também não poderão honrar suas obrigações, as pessoas não recebendo seus salários, também não poderão honrar com seus compromissos, e o pior, como vão sobreviver sem dinheiro para comprar alimentação, então o efeito dominó é uma realidade.
É certo que o governo brasileiro, entrou em ação, prorrogando prazos para as empresas recolherem seus impostos, isenções de alguns deles, parcelamentos de dividas de impostos já existentes, ajuda financeira para a sociedade mais carente, prorrogação de pagamentos de taxas de luz água, antecipação de recurso de FGTS às pessoas, mas a preocupação é, até quando o Brasil conseguirá sustentar isto, por mais que o país diga que está bem e preparado para esta situação, isto uma hora terá um limite e se as empresas, as pessoas não retomarem suas atividades, presenciaremos o caos econômico e financeiro no país e as pessoas começarão a morrer de fome e isto seria realmente o caos.
Tudo isto, o que tem a ver com a atividade contábil no país? qual o impacto nesta atividade? A atividade contábil apesar de não estar na lista das atividades essenciais que o governo definiu em função da calamidade pública decretada, está e será afetada diretamente, pois todos os impactos nas empresas e nas pessoas, impactará também na atividade contábil, pois são os profissionais da contabilidade que cuidam da saúde das empresas, que as alimentam das informações imprescindíveis para a gestão de seus negócios, para as suas informações de arrecadação dos tributos para os governos Federais, Estaduais e Municipais, que são os recursos do governo para administrar o país e que também na sua maioria são empresas, organizações contábeis, que também tem funcionários, pagam impostos e que também terão problemas econômicos e financeiros.
Mas tem uma questão aqui que é relevante e tem que ser destacada que é a questão de que a matéria prima destas organizações contábeis, são pessoas que estão tendo que ficar em casa, pois isto afeta diretamente toda a logística da prestação dos serviços contábeis, fiscais e trabalhistas para as empresas, até porque, principalmente nesta primeira fase da calamidade, todas estas empresas tem duvidas, as mais diversas possíveis, quanto a apuração dos tributos, a questão dos funcionários, como tratar a remuneração a dispensa ou não, a legalidade de tudo isto, para não incorrer em problemas futuros legais e financeiros, que dependem diretamente, diariamente a todo momento de um profissional da contabilidade.
Sabemos que com a tecnologia dos dias de hoje, muitas organizações contábeis já praticam o trabalho "Home Office", mas ainda não é uma cultura sedimentada atualmente no Brasil e que agora de uma hora para outra, implementar uma cultura nova tem que se analisar e avaliar o cenário, prático, de segurança das pessoas, de adequação de ambientes adequados, nas residências das pessoas, para a realização dos serviços e até de segurança das informações dos clientes, não é tarefa tão fácil e tem seus impactos e necessidade de alguns investimentos.
Mas o fato aqui é que nós profissionais da contabilidade em nosso país, temos uma infinidade de obrigações acessórias para cumprir, de nossos clientes, as empresas, diariamente, mensalmente e anualmente, as quais, cada uma tem prazos para serem informadas ao fisco e se não forem informadas, o fisco aplica multas e juros ao contribuinte nosso cliente, onde os quais imputam a responsabilidade pela não entrega, a nós profissionais da contabilidade, nos causando as vezes prejuízos indesejáveis, apesar destas informações hoje em dia serem informadas de forma eletrônica, com os colaboradores trabalhando na modalidade "Home Office", complica muito a nossa logística.
Em função desta constatação, da classe contábil brasileira, as entidades contábeis do Brasil ( Conselho Federal de Contabilidade, Conselhos Regionais de Contabilidade, Sindicatos de Contabilistas, Associações de Contabilistas, Federações de Contabilistas, Fenacon - Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas, Sindicatos das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas - Sescaps/Sescons) irmanadas, já entraram com solicitações ao órgãos de governo, Federal, Estadual e Municipal, no sentido de prorrogar os prazos da entrega destas obrigações acessórias, inclusive a entrega da declaração de imposto de renda da pessoa física, por pelo menos 90 dias, como também a prorrogação dos pagamentos dos tributos apurados correspondentes aos períodos de março, abril e maio de 2020, o que o governo vem fazendo e atendendo estas reivindicações.
Em relação a declaração de imposto de renda da pessoa física , apesar de ser entregue eletronicamente, o seu processamento é feito com a presença dos contribuintes e a documentação trazida por eles para o seu contador nos escritórios, o que com a proibição da circulação e o contato das pessoas, isto está tendo que ser feito via web e com a digitalização destes documentos e enviados eletronicamente para o escritório e as duvidas e questionamentos, o profissional da contabilidade tem que fazer por telefone, ou meios eletrônicos (email, whats up, etc..), o que tem causado morosidade no processo, apesar de toda a tecnologia hoje existente.Tem escritório por exemplo, mais organizado, que atendia com hora marcada o contribuinte, teve que mudar toda sua rotina em função da situação de calamidade.
Mas não bastasse o já dito, ainda fica a questão dos impactos econômicos que as empresas, nossas clientes, terão na segunda fase desta calamidade, que afetarão as demonstrações contábeis destas empresas e deverão ser reconhecidos e evidenciados por nós profissionais da contabilidade, observando o que já vem sendo alertado pelas entidades reguladoras de normas contábeis, como o Conselho Federal de Contabilidade - CFC e a Comissão de Valores Mobiliários -CVM.
Sem duvida as empresas sofrerão impactos na sua situação patrimonial e financeira, onde estão representados seus ativos, passivos e seu patrimônio líquido, na situação de seu desempenho, onde estão representadas as suas receitas, custos e despesas e na situação dos seus fluxos de caixa.
Hoje com o novo padrão contábil brasileiro, convergido aos padrões internacionais as IFRS´s, estes impactos são possíveis de se reconhecer e evidenciar de forma bem transparente e de forma adequada, pois está tudo previsto em normas contábeis, como por exemplo, perdas com ativos (contas a receber, estoques, ativo imobilizado, intangíveis), pois a dificuldade financeira será eminente nas empresas, as empresas deixarão de receber e terão inadimplência, os preços irão cair, os estoques serão desvalorizados, os bens do ativo imobilizado sofrerão redução de valor, nos passivos terão que ser reconhecidas provisões, no resultado aparecerão as operações descontinuadas, pois muitas linhas de produção estarão ou foram interrompidas, políticas contábeis terão que ser reavaliadas pela administração da empresa e novas estimativas terão que ser previstas, tudo o que as empresas possam realmente ter de impactos com esta situação de calamidade, hoje temos previsão em normas contábeis.
Isto inclusive é possível reconhecer e evidenciar ainda nas demonstrações contábeis que ainda não foram encerradas de 2019, ou em nota explicativa específica de fatos subsequentes, para as que já encerraram suas demonstrações contábeis, conforme previsto em norma contábil.
Em termos de tributos, também as empresas sofrerão impactos, pois não podemos esquecer que os tributos que estão sendo diferidos (postergados) agora, irão duplicar com o da competência após os meses da prorrogação, que a princípio são os do mês de abril, maio e junho de 2020, que vencerão em outubro, novembro e dezembro/2020, respectivamente e nestes meses já estarão também vencendo os das suas competências, setembro, outubro e novembro/2020, tendo que as empresas, programar seu caixa para estes períodos. Esperamos que o governo venha, dependendo da situação de recuperação das empresas, adequar a situação aos contribuintes no decorrer deste ano, reduzindo a carga tributária, implementando parcelamentos com descontos de multas e juros já incidentes sobre tributos em atraso.
Outro fato que gostaria de evidenciar aqui é sobre as notícias que temos ouvido sobre a extinção da atividade contábil, isto não acontecerá, pois enquanto existir empresas, estas precisarão fazer contabilidade, ter um profissional da contabilidade para assessorá-las, seja no aspecto contábil, em relação aos tributos, compilação e análise de suas informações e atendimento das leis societárias, fiscais e legais, instituídas pela administração pública.
O que já mudou e está acontecendo é a maneira de processamento da contabilidade em função das tecnologias que hoje temos à nossa disposição, onde aquele trabalho operacional, como sempre foi feito, está sendo substituído por robôs e de forma on line, e para isto, chamo a atenção de meus colegas contabilistas, isto muda muito a forma de atuarmos em nossa atividade.
As empresas, estão carentes de consultoria constante dos profissionais da contabilidade, muitos escritórios, já enxergaram isto e se especializaram, com foco em determinadas atividades e estão se dando bem, ser generalista na nossa área, não dá mais, se especialize que tem mercado para todos. Diria que a especialização será o futuro da atividade contábil e as organizações contábeis que não buscar, se preparar, para esta nova realidade estão fadadas realmente a serem extintas. Hoje temos uma infinidade de cursos "on line" à disposição de todos, sem você precisar sair do seu ambiente de trabalho ou de sua casa para se atualizar, não perca tempo, vá a luta e saia da zona de conforto, seja um consultor do seu cliente, acompanhe-o nas suas atividades, que tanto ele, como você, terão sucesso.
Se aproximem das entidades contábeis, acompanhe as entidades que regulamentam a nossa profissão, pois elas não têm medido esforços para te orientar e te disponibilizar o que há de melhor para a profissão contábil no Brasil.
Abertura de Novos Negócios
Sobre a abertura de novos negócios, é hora, é melhor esperar, o que fazer?
Temos que sempre buscar soluções inovadoras, principalmente em épocas de crise e agora mais do que nunca, pois ela será eminente e diz um velho ditado, em tempos de crise é que surgem as oportunidades para novos negócios, mas em um momento de calamidade que estamos vivendo, a cautela é muito prudente, planejamento é importante, analisar as tendências de mercado é fundamental.
Vejo que pode se dar bem quem procurar abrir negócios ou adaptar seu negócio já existente, na medida do possível à distancia, temos muitas tecnologias à nossa disposição nos dias de hoje, disponibilizando e entregando facilidades à sociedade, sem que esta precise se locomover em busca de suas necessidades, esta crise que estamos vivendo, está nos ensinando muito isto e esta será a grande sacada, as cidades estão cada vez maiores, a dificuldade de locomoção está cada vez maior, as pessoas perdem muito tempo para ir e vir do trabalho diariamente.
Isto deve ser feito, é lógico, de maneira mais enxuta possível, sem contrair dívidas, de preferência com recursos próprios ou buscar linhas de credito com juros mais baratos ou subsidiados, que tenha a capacidade de pagamento, o próprio governo fala de disponibilizar linhas de crédito, principalmente para as micro e pequenas empresas.
Desejo sucesso a todos!